Ao que tudo indica, ela é facinha, facinha de encontrar: essa tal felicidade.
Quando leio meus emails, entro nas redes sociais, vejo
diariamente pessoas bem intencionadas me indicando o caminho. Não tem erro, é
só seguir os conselhos, que mais parecem setas vermelhas apontando a
direção. Tão pertinho de mim ela parece estar,
que me sinto uma idiota por não encontra-la. Pelo menos da maneira que a descrevem.
O que vejo, entretanto, e quase sempre na sequência, são rostos de mães desesperadas
procurando pelos seus filhos desaparecidos: ‘Se fosse seu filho você se
importaria’ - essa é a mensagem forte e verdadeira que se segue.
Vejo a cara repugnante de algum delinquente que dilacerou um animal
ainda em vida por pura diversão. Vejo o bêbado que afogou suas mágoas e botou um
ponto final na possível felicidade de uma família inteira! Vejo a luta dos
professores por melhores salários. Vejo o desabafo sofrido de gente indignada
com a falta de moral e ética dos políticos brasileiros.
Então, é inevitável a pergunta: será mesmo que eu
conseguiria beber de tanta felicidade no meio desse lamaçal?... Será que me
sentiria confortável com tanto privilégio?
Não, não sou pessimista. Quem me conhece sabe disso. Sabe
que me esforço num exercício diário de otimismo. Não gosto de ver desgraças nos noticiários
sensacionalistas, basta-me saber que elas existem para me situar no meu tempo. Evito
tudo que venha a roubar minhas três aliadas: a fé, a esperança e a alegria.
Mas a alegria que sinto difere em muito da felicidade que
tentam me vender. Ela tem começo e tem fim. E recomeço... Tem grau de
intensidade e se intercala com apreensões, medos, anseios, frustrações e
revoltas. Tem motivos reais e não brota de delírios. Minha alegria é como a
mim mesma: tem os pés bem plantados no chão. Tem consciência (e presciência) de
que dias piores virão. E é bom que seja assim, até pela sua própria
sobrevivência. O que seria de uma alegriazinha momentânea diante de uma felicidade
eterna?... Nem se faria notar!
Minha alegria é feita sobmedida pra mim. Não é do tipo que
explode o peito, mas acaricia.
Portanto, de nada me vale essa oferta da Felicidade Maiúscula, que apesar de atraente, não me convence. Não posso comprá-la, pois ainda
não tenho a moeda de troca. E eu duvido que alguém tenha. Não compro essa
ideia, e nem me deixo iludir por ela e sabem por quê? Ela simplesmente não está
disponível ainda. Por enquanto é tão somente uma promessa vindoura... Que mania
que esse povo tem de apressar as coisas!