“O sonho encheu a noite. Extravasou pro meu dia. Encheu minha vida e é dele que eu vou viver. Porque sonho não morre” (Adélia Prado)

8 de ago. de 2012

No comando do leme


Outro dia vasculhando meus guardados encontrei uma fotografia de quando eu tinha 18 anos. A data e a cara estavam lá impressas para atestarem a minha juventude. Fiquei surpresa, pois nem sabia da existência dela.

Claro, tenho muitas fotos da minha infância e adolescência, mas essa é diferente. É uma foto 3x4, dessas horrorosas que tiramos para documentos e por esse mesmo motivo não guardamos. Mas até que eu estou bonitinha nela... rs.

Fiquei feliz que essa tenha se escondido de mim, e um pouco decepcionada por não me lembrar da ocasião e para qual documento a havia tirado.

Eu a segurei nas mãos por alguns minutos e entrei num tipo retrospectiva do tempo. Talvez por ser uma foto para documentos, me levou a pensar em todas as decisões que tomei na minha vida referente a profissão e tudo o mais. Inevitavelmente passei a indagar os meus ‘ses’.

... Se eu tivesse feito isso ao invés daquilo, como seria?... E se eu tivesse feito aquilo que tanto me seduzia, mas ao mesmo tempo me amedrontava, como estaria?... E se eu não tivesse adiado tanto aquilo, onde estaria?...  E se... se... se...

Bem, eu já estava quase acreditando em destino com cartas marcadas quando, na mesma semana, uma amiga  me presenteou com uma postagem sobre a minha arte. Ver as fotos dos meus trabalhos num blog tão respeitado, dividindo o mesmo espaço com obras de artistas consagrados foi o mesmo que vê-los nas paredes do Louvre ou do Prado.

Exagero da minha parte? Pode ser, mas foi isso que senti nos primeiros 5 minutos de total embasbacadação. (Desculpem-me pela palavra que não existe, mas não encontrei um substantivo à altura do meu queixo caído).

Depois que empurrei o queixo para o lugar, passei a ler o texto onde ela conta lindamente um pouco da minha trajetória, que até então, me parecia trivial, sem nenhuma originalidade.

Não há nada de extraordinário na minha biografia. Nada mesmo! Nada que me qualifique a concorrer a uma cadeira de Imortal na Academia Brasileira de Letras... rs.

Entretanto, o talento dela de ver além do trivial, me mostrou coisas que eu não via por que sempre andei mais focada nos meus ‘ses’ abstratos.  Ela contou todas as minhas verdades com sabor de sonhos realizados... E, de repente, me vi musa de um poema onde eu mesma sou a poetisa.  

Que bom que continuo não acreditando em destino. Muito, mas muito bom mesmo saber que sempre estive no comando do leme.  Ótimo que ainda acho que a intuição é a minha maior aliada.

E principalmente... Obrigada, amiga, por mandar pra bem longe os ‘ses’ que ainda bailavam na minha mente, e volta e meia me atormentavam a alma.

Obrigada por me mostrar que eu soube, sim, interpretar as batidas do meu coração!   

13 comentários:

  1. Sua postagem me encheu de esperança, Su. Quer dizer que existe vida para além de nossas pre-ocupações (ou talvez devêssemos pensar em pós-ocupações. rsrsr)
    Diversas vezes me identifico com sua maneira de ver a vida e pensar. Não raro penso "eu poderia ter escrito isso" e passo por esses momentos de dúvidas pelo menos cinco vezes por semana. É bom ver que a vida premia quem se atreve a vivê-la. E que os amigos estão aí pra nos lembrar de quem realmente somos, sem o filtro embaçado de nossos ses.
    Beijo grande de quem te admira desde o primeiro dia.

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  2. PARA FERNANDA COELHO:

    Fê!

    Obrigada amiga! Eu também te admiro muito menina! Seus textos refletem a pessoa linda que vc é!

    Um beijo enorme.

    SG.

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  3. SU:
    Sabe amiga, ao ver todo seu talento, desde que comecei a acompanhar seus blogs, sempre senti firmeza tanto na sua arte, como nas suas crônicas. E sempre falei pra você isso, então não é novidade pra mim. Muitas vezes não achamos nada em nós a não ser o trivial. Mas parando pra pensar, muitas vezes não enxergamos nossos valores e sim o dos outros.

    Jamais eu postaria suas obras em meu blog por amizade. Postei porque reconheço seu talento, a sua obsessão pelos detalhes e a beleza final. Postei pela sua técnica. E sua trajetória não foi menos importante do que as outras. O mais importante pra você deve ser você: sua confiança e determinação é que contagia seus amigos e sua família, porque quando você quer... quer! Conheço muito isso em você.

    Você escreveu, recentemente, um poema que eu gostaria de tê-lo escrito; eu vi nele coisas que você não viu! Lembra? Chama-se VAZIO. Ele bateu forte aqui... E você não tinha pensado muito nisso. E 'SE' não o tivesse postado? Eu vi sim, coisas além do trivial. Mas o que será esse trivial? Não será a simplicidade dos nossos atos uma qualidade?

    Não me agradeça, querida amiga, o orgulho é meu em tê-la no meu blog figurando ao lado de gente que sempre admirei. E todos que lá estão, um dia também pensaram nos mesmos 'SE' que você pensou, que eu pensei e ainda penso... Ter dúvidas é normal. O ruim é nunca tentar alguma coisa.

    Meu carinho
    Tais

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  4. TAÍS!

    Sem texto aqui pra dizer mais nada viu amiga! Já te disse que fortes emoções me deixa burra...rs

    Obrigada por tudo! Principalmente pela sua honestidade de sempre me dizer verdades, mesmo quando não quero ouvir rsrs.

    Bjão.

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  5. Bonito.....Depois dos comentários aqui deixados e
    no Blog da Taís.....nada
    mais tenho a acrescentar...
    Exprimir por palavras....não é o meu forte....
    Beijo

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  6. Oi Sueli,

    Me lembro desta postagem. Estive lá na época apreciando seu talento e a linda homenagem que ela lhe fez.

    Seguir o coração e a intuição é sempre o melhor caminho.

    Parabéns, também, pela bela crônica.

    Sua visita foi muito agradável.

    Beijo.

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  7. Oi, Sueli!
    Vim correndo bisbilhotá-la e estou encantadíssima! Além de escritora, artista plástica! Que maravilha!
    Não só a alma, mas a vivência, o olhar, o sentimento, de artista!
    Você é, de fato, uma artista, e das muito boas!
    Mais uma vez, parabéns!
    Bjssssssssssss, quérida e obrigada por entrar na minha vida!

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  8. Sueli,

    Felizes e privilegiados somos nós por você ter estado sempre no leme! Pois seu talento é evidente, naquilo que se propõe a fazer: pintar, escrever... e nós, seu público, é que somos os beneficiados!

    Os "ses" fazem parte, acredito, das mais brilhantes trajetórias. Os seus foram importantes e, de certa forma, a trouxeram até aqui. Cada escolha deixa um "se" para trás e revela a coragem de um passo a frente, em alguma direção. Os seus muitos "ses" afirmam sua coragem de tentar e de fazer muita coisa acontecer, seguindo simplesmente o pulsar do coração.

    Parabéns, guerreira e talentosa Sueli! Parabéns também a Tais, cujo olhar vai além do trivial, para buscar o singular e o exclusivo. Não é por acaso que se encontraram e que se tornaram grandes amigas, são ambas dignas de meu carinho e minha admiração.

    Beijos.

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  9. Olá Sueli,
    Li um comentário seu no blog da Taís e resolvi vir visitá-la.
    Sua crônica cativou-me. Parabéns pelo seu espaço e por seguir seu coração nos meandros que a vida nos apresenta!
    Convido-a a conhecer meu blog. Será um imenso prazer tê-la por lá. Espero que gostes.
    Grande abraço e ótimo domingo para você.
    Maria Paraguassu.

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  10. Sueli,

    Somente hoje a Taís falou-me sobre esta sua crônica, justamente esta, que contém uma homenagem a ela. Contou-me quando já tinha fechado o computador. Mas, curiosidade e consideração falaram mais alto. Então, não perdi tempo. Iniciei a leitura e, para minha surpresa, constatei que o talento da Sueli veio em duplicata: pintora e cronista. Sobre sua pintura já tive oportunidade de falar sobre o talento de quem domina as Artes Plásticas; mas, como não conhecia muito bem a cronista, aproveito o ensejo para falar sobre o seu domínio da técnica desse gênero literário, do seu estilo moderno, que, por isso mesmo, é despojado e intimista. Não tenho dúvida que a Taís está em boa companhia. Tanto que, por ter ela consciência disso, prestou-lhe a merecida homenagem; homenagem que agora é você quem fez a ela, que a deixou feliz.

    Parabéns, Sueli!

    Abraços,
    Pedro Luso.

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  11. PARA PEDRO LUSO:

    Pedro!

    É pra mim uma honra muito grande figurar no Das Artes! Registrar aqui minha gratidão por essa grande amiga foi o mínimo, sobretudo pela maneira como ela contou a minha história. A Taís tem o dom da interpretação, de ver além do que lhe é mostrado. Ela de fato desvendou a minha alma e transformou em palavras. Senti-me sendo reapresentada a mim mesma: foi um choque e uma alegria muito grande. Tudo deliciosamente misturado!

    Obrigada pelo comentário tão gentil! Nossa! Aguenta coração!!!

    Embora me sinta apenas uma ‘escrivinhadora’ e não uma cronista, suas palavras me são de inventivo. Veja só sua responsabilidade, continuarei contado minhas histórias aqui e ‘se achando’ a tal...rsrs.

    Grande abraço!
    SG

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  12. Estive na ¨casa¨ da Tais e conheci um pouco de sua trajetoria . a arte tem o dom de aproximar as pessoas .
    é por isso que estou aqui...

    Um beijo grande !

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Sejam bem vindos! Sintam-se a vontade. Comentem, digam o que pensam. Podem rodar a baiana, só não cutuquem a onça com vara curta, ok?... rs