“O sonho encheu a noite. Extravasou pro meu dia. Encheu minha vida e é dele que eu vou viver. Porque sonho não morre” (Adélia Prado)

7 de mar. de 2012

O RETRATO DO ABANDONO



Há poucos dias, me procurou uma jornalista que foi incumbida de escrever uma matéria para uma revista sobre o tema "Adotar crianças ou animais?”.

Ela havia lido na internet um depoimento meu que tratava justamente dessa questão e me convidou a participar da matéria. Disse que eu tinha o perfil perfeito da pessoa que ela procurava.

Transcrevo abaixo o texto que escrevi e mandei pra ela. Procurei ser o mais honesta possível nas minhas declarações, embora saiba que não agradarei a todos. Mas essa sou eu: uma pessoa sem medo de dizer o que pensa.


ADOTAR UMA CRIANÇA OU UM ANIMAL?

- Sueli Gallacci


Sinceramente penso que essa questão nem deveria ser levantada, afinal são duas coisas totalmente diferentes. Tanto que a palavra ‘adoção’ era antigamente aplicada exclusivamente quando nos referíamos à humanos. Quando queríamos um bichinho de estimação dizíamos que iríamos comprar, ou arrumar um cachorro, um gato, etc.

Eu, como cristã, sei diferenciar entre esses dois seres, mas também sei que no amor, no respeito em nada diferem. O diferencial está na dedicação e nas responsabilidades envolvidas.

Adotar uma criança implica em muito mais, não basta dar ração, banho, carinho... Seres humanos carecem de um tipo de educação que forme o caráter, que aprenda valores, que respeite o planeta, o próximo, e por ai vai... É grande a lista.

Humanos tem o dom da fala e filho cobra, questiona. Desnecessário dizer que com os bichos não é assim. Mas é exatamente por isso que devemos protegê-los; devemos falar por eles.

Além do mais, filho vive mais tempo e é pra toda vida e mais um pouco. E quando esse filho faz um filho ainda na adolescência? Será que o levaremos ao pet-shopping para ser adotado?

Não me agrada a ideia de parecer exemplo a ninguém, afinal cada um é cada um – com seus anseios e limitações. Dou graças à Deus que temos nosso livre arbítrio, esse dom maravilhoso que nos permite fazer escolhas. Contudo, penso que quem tem amor pra dar não precisa passar por essa ‘escolha’, que no final das contas nem existe. É possível fazer as duas coisas perfeitamente bem. Eu fiz e não me arrependo. Tenho uma filha adotiva que hoje está com 25 anos. Uma moça linda cheia de virtudes que nos enche de orgulho. E tenho muitos bichos de estimação que eu chamo de ‘minha família animal’. Tenho verdadeira paixão por eles! Eu e meu marido sempre gostamos de animais e nossos filhos aprenderam a amá-los e respeitá-los. Tanto que moramos DENTRO de uma área ambientalista de proteção animal.

Quanto à adoção da minha filha, eu e meu marido a conhecemos num hospital gravemente doente. Tinha seis meses de idade e fora abandonada pela mãe biológica.

Decidimos adotá-la, não por que não podíamos ter filhos, pois já tínhamos um casal na pré-adolescência, mas porque ela adentrou nas nossas vidas de maneira irreversível desde o primeiro momento que a vimos. Isso para nós foi um processo natural, apesar de não estarmos procurando uma criança para adotar. Por um tempo fiquei me enganando, dizendo a mim mesma que a adotamos porque aquela menininha, tão frágil e rejeitada, precisava de uma família completa, com pai, mãe e irmãos. Mas eu estava enganada. Logo descobri que nós é que não podíamos mais viver sem ela!

O tempo passou e de lá pra cá muitas coisas aconteceram. Nossa batalha foi grande e muito penosa, tanto pra nós quanto pra ela. Ela passou por oito intervenções cirúrgicas e dezenas de internações. Ainda hoje aguarda por um transplante de rim no Hospital das Clínicas de São Paulo. Atravessamos momentos difíceis e o pior de todos foi a recusa da mãe biológica em doar um rim pra ela. Mas nem por isso ela se transformou numa pessoa amarga, ao contrário, é alegre, cheia de vida e nunca foi uma criança problemática. Nós não medimos esforços em prepará-la para tudo que teria que enfrentar.

Valeu à pena? Evidente que sim! Hoje ela está formada e já cursa a segunda faculdade. Nunca reprovou nenhum ano no colégio apesar das inúmeras faltas por causa do tratamento. Tantas alegrias tivemos, tanto orgulho sentimos dessa filha tão amada que é impossível falar nisso sem me emocionar.
 
Sou totalmente a favor da adoção de qualquer ser, seja de qualquer espécie. Só acho que devemos prestar mais atenção na falta de coerência. Vejo no meu Facebook páginas e mais páginas direcionadas à campanhas para recolher os animais abandonados nas ruas e encaminhá-los para adoção. Já vi uma pessoa mobilizar outras cem apenas para resgatar um cão! Isso me comoveu e me intrigou ao mesmo tempo. Ainda não vi tal mobilização para ‘resgatar’ uma criança que está na rua consumindo drogas. Ainda não vi nenhuma campanha em prol da adoção de crianças doentes, feínhas e com mais idade; e acho que nunca verei. Nunca vi, por exemplo, uma campanha para tentar conscientizar os casais que não podem ter filhos a optarem pela adoção e não pela inseminação artificial.

Agora, casais que não podem ter filhos optarem pela adoção de um, ou vários bichos de estimação ao invés de uma criança, já vi aos montes! E casais que podem ter filhos, mas não os têm para encherem a casa de bichinhos, também. Quanto a isso chego a sentir certo alívio, pois sei que essas pessoas não estão preparadas para serem pais. Não querem doarem-se com tamanho grau de envolvimento; não querem compromissos. Então, é melhor que seja assim pelo próprio bem da criança.

Contudo, não posso evitar pensar que crianças estão sendo barganhadas por cachorros!

Às pessoas engajadas na causa de proteção animal, digo que as admiro muito. Somente gostaria de ver a mesma disposição, do mesmo envolvimento, tempo e dinheiro gastos para conscientizar a sociedade da necessidade de mais adoções de crianças.

É claro que ninguém deve sair por aí dizendo ‘hoje eu decidi que vou adotar uma criança’. Deve ser uma atitude bem analisada e discutida em família. Aí está a diferença entre bicho e gente: raciocinamos, não somos regidos por instinto.

Eu só gostaria que as pessoas se importassem, não fossem tão omissas com nossas crianças. Também gostaria que as pessoas que pagam as tufas em dólares por um cãozinho, não virasse a cara quando passasse diante de uma cão faminto e sarnento.

Mas cada um é cada um, o que é bom pra mim pode não ser para o outro. Não podemos obrigar as pessoas a ter um coração elástico. Eu faço o que faço por que o meu grita alto.



19 comentários:

  1. Em primeiro lugar,depois de ter meu blog bloqueado,sei que posso resgatar as escritas,mas o que mais me doeu,foram essas pérolas deixadas por pessoas incríveis que não consigo resgatar...Bem Sueli, eu todo dia descubro coisas lendo esses livros vivos que dividem experiências, que relatam acontecimentos e tudo mais...Você e teu marido são muito, mas muito mais do que pais biológicos,nessa união perfeita,porque não veio de uma escolha e sim,vocês foram escolhidos,privilegiados e especialmente abençoados,pais e filha...
    Deus incumbiu a vocês, porque certamente escreveu nas estrelas com linhas de luzes essa mais pura doação de amor.
    Adoro animais, mas eles nunca podem assumir características humanas nas vidas das pessoas, e guardo bem tua frase”Quem opta ter um cachorro no lugar de uma criança,não está preparado realmente para cuidar de um ser humano”,mesmo porque só se educa com atitudes,um cachorro,você engana,e adestra,ele não vai se perverter,mas amor implica responsabilidade,essa que vocês tiveram de sobra.Essa que falta a muitos pais biológicos!
    Um grande abraço!
    Izildinha

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  2. Querida Sueli, boa noite!

    Depois de ler atentamente e já emocionada com esse texto, eu devo confessar que votaria em você se fosse candidata à presidencia da república... rs, Pois um coração assim, como o teu, caberia todo nosso Brasil. Onde seres humanos e seres irracionais como nossos bichinhos de estimação, viveriam em paz.

    Só ficaria na dúvida sobre os SERES humanos, pois estes matam na mesquinharia de imaginar-se confiante em si mesmos, abusando de um poder imaginário, sambando na impunidade varonil deste país sem memórias.

    Meu afeto, lindeza de Sueli e tiro meu chapéu pra ti, moça por explanar tão lindamente tua opinião.

    Grata pela visita em meus blogs
    tua gentileza deixou rastros perfumados.

    bacios cara mia!
    :)

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  3. Bom dia,querida amiga Sueli.

    Nossa...
    Que bom você estar de volta, e justamente no dia das mulheres, você nos oferecer essa crônica, que é o retrato fiel da pessoa maravilhosa que você é. Que vocês são!

    Se em cada mil, tivesse uma Sueli, o mundo seria outro.

    Vivemos com muitas teorias e pouca atitude. Você é gente que faz, é gente que sente!
    Parabéns!!

    (Muito obrigada pela sua gentileza e carinho).

    Um abraço apertado!!

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  4. Cara Sueli. Seu exemplo, e de seu marido, em cuidar da criança e dos animais, bate com minha vida de ter criado uma menina que hoje é adulta e mãe. Parece que todos nós vivemos uma vida profundamente cristã,mesmo seguindo filosofias tão diferentes.Digo isto porque sou Espirita Kardecista, que é uma filosofia antes de tudo Cristã, Jesus é o Mestre, e cSeguindo os ensinamentos Dele ninguem erra,
    certo?
    Adorei seu texto. Muito bem argumentado e coerente. Parabens e usando uma saudação antyiga que aprendi..." Saude e Paz"

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  5. Feliz em a reencontrar por aqui....
    Comoveu-me tudo o que aqui escreveu,
    da mesma forma que me comoveu a história da Taís.....Animais ou crianças, sofrem...se bem que no caso de humanos , toca-nos mais fundo e
    requer mais coragem.....
    Que tudo esteja bem consigo e recuperada....
    Beijo

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  6. Que bom que voltou, fiquei realmente feliz! Ultimamente tenho postado muito pouco, estou sem inspiração constante, rsrsrs.

    Tema fortíssimo, Sueli e você me surpreendeu demais! Me surpreendeu, não pelo texto maravilhoso e claro, porque isto eu já conhecia e sempre bati palmas, mas me surpreendeu por pensar que já te conhecia um tantinho e lendo e sabendo que você é uma mãe adotiva, me emocionou demais.
    Me emocionou por ver em você esta enorme força que viveu e ainda vive para poder criar este ser, que hoje com certeza ao te olhar deve ter tanto orgulho de você e de todos que ao redor de você te ajudaram!
    Sempre pensei que para adotar uma criança deve existir um conjunto de pessoas que possam também aceitar esta ideia a gosto e com muita vontade de ajudar. Penso que toda a família deva se envolver com muita força para que esta criança não seja de maneira alguma descriminada.
    Realmente é uma tarefa árdua, porque mesmo quando temos um filho gerado por nós, poderemos sofrer descriminação pela própria família, caso este faça algo errado que possa influenciar na educação de um primo, por exemplo.
    Papo de irmã para irmã:
    " Seu filho vive perto do meu filho e isto está atrapalhando o meu com estes seus maus costumes. Meu filho não está se comportando como eu desejo e isto tudo é a má influencia do seu!"
    Muitos pensam que isto exista. Será?
    O mundo lá fora te corrói se a família não estiver unida para ajudar um outro da família. Eu penso que a educação familiar é baseada em uma enorme confiança e união, e isto a cada dia está sendo destruída por muitos, ao pensar que um ser da família poderia ser prejudicial, só porque um tem mais status que o outro.
    Parabéns pelo seu amor profundo e dedicado.

    Tema de tirar o chapéu e a conversa sobre isto vai longe!
    Aqui na Itália, quase todos os casais nunca estão preparados para ter um filho, eles sempre preferem os animais, porque assim pode continuar fazendo tudo que planejaram, mas isto fez com que a Itália tivesse mais velhos que criança(pesquisa do Senso)e agora os casais estão sendo remunerados para fazer filho, para que o País não entre em extinção, rsrs Aqui nasce mais estrangeiros do que Italiano e a criança estrangeira só pode ser considerada italiana depois de 18anos, caso nenhum dos pais fossem italianos.
    Tem os casais aqui que adotam à distância... Escolhem uma criança de um Pais como Africa ou até mesmo Brasil, doando uma quantidade de dinheiro para uma só criança escolhida à distancia, mas o contato chamado amor nunca nasce, quem fará isto será a própria família ou alguma instituição que os cria... E funciona! Tem crianças que estão se desenvolvendo muito bem através deste trabalho à distância. Eu creio que no final, este pai adotivo à distancia, passa a sentir necessidade de um dia ver este ser, não é possível que não sinta nada.
    Beijos, Sueli

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  7. Oi minha amiga,

    Você sabe bem o que eu penso sobre este assunto.
    A meu ver, animal de estimação é para ser comprado, ganho ou até achado e ponto final, sem essa coisa de adoção.
    Acredito também que os animais devam ser bem cuidados e tratados com carinho, respeito e amor. Não suporto saber de maus tratos aos bichinhos. Se você tem um animal de estimação tem que ter o compromisso de tratá-lo com decência. Todo ser vivente merece este respeito.
    Isto é o que aceito quando o assunto são os animais...
    O que não aceito, me incomoda e me entristece são os exageros que vemos por ai e que são muitos e aumentam a cada dia.
    Como chegar ao ponto de comparar ou colocar animais e gente no mesmo patamar?

    O que é adoção?

    Segundo Wikipédia:

    "Adoção (AO 1945: adopção), no Direito Civil, é o ato jurídico no qual um indivíduo é permanentemente assumido como filho por uma pessoa ou por um casal que não são os pais biológicos do adotado. Quando isto acontece, as responsabilidades e os direitos (como o pátrio poder) dos pais biológicos em relação ao adotado são transferidos integral ou parcialmente para os adotantes".

    Portanto, querendo ou não os fanáticos por animais, a adoção só se aplica a um ser humano!

    Mais uma vez reforço que sou totalmente contra a maus tratos contra os animais...
    Mas sou totalmente a favor do SER HUMANO.

    Infelizmente minha amiga, você está certíssima...eu também ainda não vi campanha para resgatar a criança que está na rua, abandonada e consumindo craque.
    Também não vejo quase ninguém divulgando ou compartilhando os links das campanhas que a ONG onde trabalho faz! E olha...que é para ajudar crianças portadoras de câncer!

    É muito, mas muito triste mesmo ver as pessoas preferindo conviver com animais a conviver com outro ser humano. Preferindo os cachorros, gatos, chinchilas, o que quer que seja...a um filho!

    O que estamos vivenciando é um mundo onde os valores estão definitivamente invertidos e as prioridades humanas têm um foco irremediavelmente desumano.

    Eu acho que sou muito mole, muito emotiva...não consigo deixar de fazer alguma coisa que esteja a meu alcance e que vá amenizar um pouco a miséria humana, sempre que me é possível. Sejam as nossas crianças portadoras de câncer, seja a cruz vermelha, os médicos sem fronteiras, as entidades que ajudam nos campos de refugiados que existem aos montes...enfim, se eu posso eu ajudo!

    E você sabe por que minha amiga?
    Porque eu sinceramente e de todo o meu coração acredito que todo ser humano merece ser cuidado e merece respeito.

    As pessoas são vítimas de tantas tragédias, tantos atos insanos...tanta maldade. Hoje são os outros a sofrer, amanhã podemos ser nós, pode ser você, posso ser eu!

    É assim que eu me sinto, quando o assunto sobre animais de estimação surge na pauta do dia!
    Já escrevi lá no Cantinho a respeito mais de uma vez...
    Eu gostaria muito que as pessoas revissem seus conceitos e reavaliassem seu valores...e, por fim, colocassem cada coisa no seu devido lugar!

    Beijos,

    Mari

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  8. PARA MARI!

    Mari, minha linda, seu comentário não me surpreendeu nenhum pouco! Conheço sua coerência, sua lucidez e seu caráter! Tudo isso fica evidente nas postagens do seu blog!

    Quero que saiba que admiro demais a sua coragem em dizer o que pensa sem medo de “queimar” a sua imagem. Eu também sou assim, embora muitas vezes tenha que arcar com as consequências. Mas não me importo nem um pouco com isso. Como disse o Romário, quem tem que ter boa imagem é a TV rsrs.

    O que importa pra mim é a minha consciência, e essa anda nos trinques! NUNCA fui omissa ao me deparar com um ser vivente que esteja sofrendo por doença, abandono, fome e etc. Isso inclui gente e bichos. Sempre dei o melhor de mim, o meu máximo! Vou sempre até às ultimas das minhas forças, não deixo por menos! Não faço meia-coisa, ou faço a coisa toda, ou não sossego! Como escrevi no meu texto, meu coração grita alto e não me deixa em paz.

    Faltou escrever no meu texto que entre os vários bichinhos de estimação que eu tenho, 4 eu recolhi da rua e trouxe para minha casa. Um ainda vive aqui comigo, e os outros 3 vivem felizes no nosso sítio.

    Bela sacada a sua de postar aqui o significado da palavra “adoção” na Wikipédia. Obrigada também por isso! Seria bom que todos vissem. Especialmente aqueles que contestam nossa opinião sobre esse assunto.

    Vc, assim como eu, só deseja mostrar a falta de coerência que está acontecendo em se defender os animais e esquecer-se das nossas crianças. Até nos textos que vemos na internet fala-se mais em defender os animais e nada sobre as crianças!

    Não desejo que as pessoas parem de levantar essa bandeira em defesa dos animais, só gostaria que essas mesmas pessoas lembrassem-se das crianças e se dedicassem a escrever uma linha, se quer, em defesa delas!... Ou, não ataquem quem faz!

    Do fundo do meu coração eu lhe agradeço pelo seu comentário e endosso as suas palavras!

    À vc dedico todo meu carinho, meu respeito e minha admiração!

    Um beijo grande!
    Sueli Gallacci

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  9. Minha amiga SUELI:

    Como sabes, sou quase sempre a primeira a ler suas postagens e deixar meu comentário; só comento se leio todo o texto. Porém, amiga, fiquei mais de dois dias sem Internet devido a uma TV que compramos e fizeram uma ligação que me colocou a Internet fora. Temos Internet em rede e tudo complica.
    Nesse país, tudo é rápido quando compramos, mas para arrumarem problemas técnicos da Internet... Por isso minhas desculpas.

    Bem, concordo em tudinho com você, temos uma linha de pensamento praticamente igual. Conheço o seu caso, não de agora, desde que nos conhecemos. E sua atitude e de seu marido são só aplausos!

    Porém, neste imundo mundo, acho que tem espaço para crianças serem adotadas, animais serem cuidados e velhos - que são enviados para os asilos pelos próprios filhos – receberem nosso carinho em visitas. Tudo é brutal. E não cabe comparações entre crianças e animais, são coisas diferentes, amiga!

    Amor para filhos é diferente de amar um cãozinho abandonado ou arrancado sua pele, ainda vivo, para servir de comida. Uso a palavra amar para animais, por que não? Amor é uma palavra cheia de carinho.

    Cuidar de criança e de velhinhos também são coisas diferentes. Quando se tem um coração grande, uma alma que sente, não cabe comparações. A gente sabe separar uma coisa da outra.

    Sei que adotar uma criança requer das pessoas muito mais equilíbrio do que pegar um animal. Por isso tantas entrevistas antes. Porém, Sueli, o que fazer se existem pessoas que não nasceram para serem mães??? Matá-las a pau? Isso é algo que respeito; a maternidade não foi feita para todos, infelizmente.

    Seu texto é lindo, é de uma pessoa que nasceu para ser mãe. Tenho meus filhos, também nasci para ser mãe. Mas isso não impede que eu ajude animais abandonados como crianças carentes. E visite velhinhos descartados...
    Acho que pensamos o mesmo.

    Grande beijo, amiga, beleza de crônica.
    Tais Luso

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  10. PARA TAÍS!

    Taís, obrigada pelo seu comentário e pelas palavras.

    Penso que esse assunto é complexo mesmo e tem tanto a ser dito! Até pelo fato de não termos um governo competente que protege os velhos, as crianças e os animais com leis mais rígidas. Aí, sobra para alguns da sociedade que tem consciência. Mas mesmo esses não podem abraçar todas as causas dos sofredores.

    Entretanto, esse não foi o foco do meu texto e sim a falta de coerência que vejo ente crianças e animais. Os exageros. Se não podemos fazer tudo por todos, podemos dividir nosso tempo, nosso empenho. Com boa vontade é claro que podemos! Mesmo que seja somente para botar a boca no trombone!... Se bem que falar, escrever qualquer um pode, né amiga...

    Vc tocou num ponto importante quando disse que cuidar de criança é diferente de cuidar de velhinhos. Eu mesma passei por essa situação quando assumi os meus sogros. Não pude mantê-los aqui na minha casa por muito tempo por haver muitas escadas e não dispor de acomodações adequadas para eles. A solução foi colocá-los numa excelente clínica de repouso (não asilo). Um lugar lindo praticamente ao lado da minha casa. Vc sabe que eu moro num lugar tranquilo ao lado de uma reserva de mata atlântica. Um lugar onde podíamos visitá-los praticamente todos os dias – coisa que era impossível quando eles moravam em outra cidade e eram cuidados por uma enfermeira. Como já disse, com boa vontade e amor no coração somos abençoados e tudo se resolve. Mas vc já conhece essa história tim-tim por tim-tim. Entre nós não passa nada! rsrs.

    Um bjo grande.

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  11. Sueli, além da interessante artista plástica, aqui você se mostra muito boa argumentadora.
    Concordo com o que diz e respalda no próprio caso, preciente de que haverá entre quem leia as mais várias opiniões e posições.
    Bem, gente é gente. Os riscos envolvidos na adoção em nada diferem daqueles em que incorremos com filhos naturais. O retorno positivo também, e este você mereceu, por fazer sua parte. Acho bobo debater sobre a existência de Deus, mas pra mim ele existe, e vê tudo isso.

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  12. Prezada Sueli.
    Lindo e preciso o seu texto. Para o amor incondicional não há limites. O mais, todos os outros comentários acima já disseram.
    Grande abraço, é um baita orgulho tê-la como leitora.
    Adh

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  13. Sueli, bom dia! Tomei a a liberdade de mencionar você e seu post na minha postagem de hoje. O fiz porque não poderia ser mais apropriado!
    Um ótimo domingo pra você minha amiga!
    Beijo

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  14. Amiga linda!!!
    Me emocionaste com o teu texto. Não sabia da adoção e te admiro mais ainda agora.
    Estavas iluminada ao escrever esse texto. Parabéns!
    Acho que não vemos tantas campanhas em prol das crianças abandonadas ou drogadas, por exemplo, pois há muitas pessoas que dizem o seguinte: "há quem defenda os seres vivos e os pais é que são responsáveis por elas e os animais são dependentes". Não concordo, pois crianças são seres dependentes dos adultos também. Mas já ouvi muuuita gente dizer isso.
    Assino embaixo dessa tua frase: "Contudo, penso que quem tem amor pra dar não precisa passar por essa ‘escolha’ que no final das contas nem existe. É possível fazer as duas coisas perfeitamente bem."
    Realmente são coisas diferentes, mas as duas devem ser feitas e com amor. Não podemos comparar e nem deixar de lado uma delas. Mas também há pessoas que criticam quem defende os animais, mas não fazem nada pelos humanos. Enfim, há de tudo nesse mundo de Deus, amiga. Sabes disso!
    Desejo muita saúde aos teus filhos e, principalmente, à filha referida no texto, amiga! Vai dar tudo certo!!!
    Beijocas, muitas!

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  15. Sueli,

    Seu texto penetrou profundamente em meu coração desde o momento em que o li, poucas horas após a postagem. Não consegui, contudo, postar o comentário que havia escrito por algum problema técnico, eu acho. Hoje, porém, almocei com uma família que me trouxe a mente seu texto novamente, e aqui estou para comentá-lo. São pais adotivos como você, inclusive o relato deles se aproxima muito do seu: adotaram uma menina, poucos anos depois um menino. Quando viram as crianças, não tiveram dúvidas: eram 'seus' bebês. A palavra 'irreversível', que você utilizou, cabe para eles também em relação ao amor à primeira vista pelas crianças que adotaram. E sabe o que eu sinto? Um orgulho imenso por ter pessoas assim, com esses valores e com esse coração pleno de amor, em meu círculo de amigos. Assim como me sinto muito feliz por encontrá-la na blogosfera e ser inspirada a ser uma pessoa melhor através de teus relatos: você não imagina o quanto me comove e me impele para a ação com textos como este!

    Como tantos que já comentaram aqui, amor sempre é válido, dedicado aos animais ou aos seres humanos: quanto mais amor, carinho, cuidado, melhor! Mas questiono-me nos mesmos pontos que você: por que a incoerência, o exagero num sentido, e a inércia em outro? Talvez porque as pessoas que realmente se importem com o abandono sejam as mesmas e não consigam abraçar o mundo, pendendo para uma ou para outra causa... De certa forma, é mais fácil 'resolver' o problema do mau trato aos animais... como fazer com crianças, especialmente aquelas que já vivem nas ruas, viciadas e estigmatizadas?! Triste realidade, facilmente ignorada, camuflada.

    Só posso agradecer por seu coração gritar alto nessas questões, quem sabe ele ensine outros a se tornarem elásticos como é o seu... De minha parte, daqui compartilho inteiramente de sua emoção e aguardo oportunidades de transformar todo esse sentimento em ação.

    Um beijo, com toda minha admiração por você.

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  16. PARA SUZY

    Suzy, minha linda, suas palavras, como sempre, muito sensatas me deixam muito feliz! Eu também só tenho a agradecer pelo privilégio de conhecer pessoas tão especiais, assim como vc!

    Ainda pouco postava um comentário no blog da Mari, que é minha amiga também no Facebook. Ela é voluntária de uma ONG que cuida de crianças e fez uma postagem-desabafo sobre a dificuldade em arrecadar doações para os ovos de páscoa das crianças. Ela fez vários apelos no Facebook e nada! De contrapartida, tanto eu quanto ela, vemos diariamente pessoas arrecadar grandes somas em dinheiro para abrigos de animais, remédios, tratamentos e etc. numa velocidade da luz!... Isso de fato vem acontecendo.

    Como escrevi no meu comentário, é óbvio que essas pessoas estão certas, pois uma sociedade consciente deve cuidar e defender os animais, mas e as nossas crianças? Será que elas não merecem, minimamente falando, o mesmo cuidado, a mesma atenção, as mesmas doações?... Pelo que tenho visto nem o mínimo dos mínimos estão fazendo. Ninguém se importa, parece que está ocorrendo uma cegueira coletiva. Quem tem amor, tempo, dinheiro pra doar para um animal, poderia muito bem dividi-lo com uma criança!

    Vc está certa quando diz que a triste realidade das crianças que vivem nas ruas é uma realidade facilmente ignorada e camuflada. Não resta a menor dúvida que resgatar um cachorro da rua é milhões de vezes mais fácil e menos complexo do que uma criança que consome drogas. Mas botar a boca no trombone e demostrar toda nossa indignação, isso pelo menos podemos fazer.

    Senti uma alegria muito grande em saber que vc está pensando em adotar de uma criança. Que Deus te abençoe grandemente! Eu passei pelas experiências da gestação e da adoção, e afirmo que as duas são indescritíveis, mas a adoção... Ah! essa tem um sabor todo especial!

    Fique com Deus minha linda, um beijo grande!

    http://mari-meucantinhodesonhar.blogspot.com/2012/03/ong-vaa-campanha-de-pascoaum-desabafo.html

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  17. Sueli, vi seu comentário no blog da Sonia e me identifiquei por inteiro, pois é como penso e vc colocou com tal coerência que me deixou muito admirada. Vim aqui saber mais da sua pessoa e leio esse post de arrepiar. Isto porque penso tbm do mesmo modo. Faço minha cada uma das suas palavras. Admiro muito todos os esforços em prol dos animais, mas tbm gostaria de encontrar nas redes sociais o mesmo empenho para adoção ou resgate de um menor ou idoso abandonado na rua. O pior é que para recolher humanos não é tão simples como recolher um animal, isto até no ponto de vista jurídico, e por isso, infelizmente, ajuda-se o que é mais simples de ajudar.
    Beijinho e muita paz no Senhor Jesus.

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  18. PARA MERI PELLENS

    Meri, eu tbm me identifiquei com o seu comentário lá na Soninha. Ia entrar no seu blog, segui-la e dar uma xeretada por lá, mas vc me antecipou rsrs.

    Obrigadérrrrrrrima pelo seu comentário e por entender e apoiar meu ponto de vista nesse complexo tema! Tão complexo quanto falar da bíblia com as pessoas. Ou somos atacadas, rotuladas de fanáticas, ou vítimas de deboche...

    Concordo totalmente com vc, recolher animais na rua é mais fácil e dá menos trabalho. Só me entristece o fato de constatar que quem anda divulgando tanto as causas dos animais não se importam nem um pouco com os seus semelhantes, mas especificamente com as crianças. Nessa questão penso que Jesus Cristo repetiria a famosa frase: “estão coando o mosquito e engolindo o camelo”.

    Aproveito um “gancho” do seu comentário para esclarecer que a adoção de crianças não é tão difícil como as pessoas andam divulgando levianamente. Digo “levianamente” porque quem diz isso não está a par do processo atualmente. Eu estou envolvida nisso até a raiz do cabelo desde que adotei a minha filha. Naquele tempo, sim, as coisas eram mais complicadas: a lei exigia que só podiam adotar uma criança casais heterossexuais, casados legalmente no mínimo há 5 anos, e ambos tinham que ter no mínimo 30 anos de idade. Hoje tudo mudou.
    E mesmo no caso da minha filha o processo todo durou 13 meses, e enquanto isso, tivemos a adoção provisória por meio de “escritura” e ela permaneceu conosco. É óbvio que fomos entrevistados e fizeram uma sindicância nas nossas vidas, mas nem poderia ser diferente!

    Sinceramente falando, eu fui ingênua a ponto de esperar que haveriam mais adoções com as mudanças na lei, mas não é isso que estou vendo. Estou vendo cada vez mais pessoas engajadas em arrumar lares para cachorros e gatos do que para crianças! Não pretendo fazer a cabeça de ninguém para adotar uma criança, nem tenho esse poder, mas, poxa, escrevam, divulguem, gritem, se empenhem da mesma forma que estão fazendo com os animais!

    Um beijo grande querida, boa semana!

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  19. Bem lembrado, Sueli, “estão coando o mosquito e engolindo o camelo”. Vira e mexe pedem doação para intervenção cirúrgica (até eutanásia para uma gata com câncer de mama em fase terminal), fiquei lembrando dos quanto que estão morrendo na ruas doentes sem um remedinho para aliviar a dor. Enfim, se vamos falar somos mesmo alvejadas. Acho louvável a ajuda que prestam aos animais, mas poderiam variar um pouco. Fazer vez ou outra campanha para dar uma cesta básica para alguém, ou uns kits higiene, etc, também não é muito.
    Mas graças a Deus tem gente na rede que pensa nas pessoas tbm. Conhece o Blog Solidário? Surgiu ano passado depois das tragédias do RJ. Já teve várias campanhas por meio de rifa, com prestações de contas, tudo muito bem organizado pela Luci Cardinelli, uma amiga de blog.

    Querida, agradeço imenso seu comentário lá no meu blog tbm e sobre tudo, saber que existem pessoas como vc no mundo.

    Beijinho e muita paz!

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Sejam bem vindos! Sintam-se a vontade. Comentem, digam o que pensam. Podem rodar a baiana, só não cutuquem a onça com vara curta, ok?... rs